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Passos: cursinho gratuito ajuda estudantes a entrar na faculdade

Núcleo Dércio Andrade já auxiliou mais de 100 alunos a realizar o sonho de ter um diploma. Saiba como se inscrever

Texto: Pedro Freitas / Edição: Lívia Ferreira / Imagens: Divulgação

Viviane Lima era empregada doméstica. Hoje é assistente social. A realização de um sonho e a mudança de profissão são fruto de esforço, estudo e oportunidade. A chance veio por meio do Educafro, organização não-governamental de cursinho pré-vestibular gratuito e bolsas de estudo oferecidos a milhares de pessoas em situação de pobreza no Brasil. A foto acima é do dia da formatura, realizada antes da pandemia do coronavírus. Na imagem, ela comemora ao lado dos professores Danilo Vizibeli (à esq.), Gisele Oliveira e Márcio Carvalho.

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Início
Fundado pelo Frei David Raimundo dos Santos, o Educafro começou a germinar em 1976, quando ele ingressou no seminário para ser frade franciscano e abraçou a causa contra o racismo. Em 1990, numa reunião com aproximadamente 100 jovens negros para discutir a situação da população negra da baixada fluminense, o projeto tomou corpo.

Em Passos
Em 1999 a Educafro chegou em Passos, por meio do cursinho Dércio Andrade. “A ideia surgiu de um grupo dos APNs [Agentes da Pastoral do Negro], movimento católico que acontecia na Paróquia da Penha, em Passos”, explica Danilo, coordenador pedagógico e professor de linguagens do cursinho Dércio Andrade.
A iniciativa partiu do seminarista Flávio Passos, do Educandário Senhor Bom Jesus dos Passos. Marli Ferreira Soares foi convidada pelo seminarista para assumir o cargo de coordenadora geral do cursinho e permanece na função até hoje. “O cursinho foi uma forma de tornar vivo o trabalho de evangelização com a causa do movimento negro; de tornar o carisma mais concreto e frutificar em algo que transformasse nossa sociedade”, relembra Marli.

Há mais de duas décadas Marli Ferreira Soares se dedica ao cargo de coordenadora geral do cursinho

Como funciona
Embora tenha a sua origem no movimento negro, o cursinho é voltado para pessoas de baixa renda, não importa a cor da pele. Além de ser preparatório para Enem e vestibulares, um dos principais objetivos é promover a igualdade. Funciona no sistema de autogestão e todo o corpo docente é voluntário. “Mas costumamos dizer que não trabalhamos de graça, pois aprendemos muito e ganhamos muito com essa vivência”, diz Danilo. Ele ressalta que, para os professores, o mais gratificante é poder ir à formatura e presenciar a mudança na vida dos alunos.

Custo
O ensino é de graça. Quem pode, paga R$ 40, que são usados na compra de produtos de limpeza – durante a pandemia esse valor não está sendo cobrado. O cursinho funciona em parceria com o Educandário, que cede as salas para desenvolvimento das atividades e também custeia a energia elétrica, água e internet.

Cursinho funciona no Educandário, que cede as salas e custeia a manutenção

Quando
As aulas acontecem de segunda a sexta, de 19h às 22h30min. A turma inicial é composta por 50 alunos. Durante a pandemia as aulas são por meio de aplicativos como o Google Meet ou o Zoom. A falta de aulas presenciais resultou em evasão escolar. “Estamos com cerca de 20 alunos, número pequeno, porém com alunos muito engajados, comprometidos, responsáveis e participativos”, pondera Danilo.

Conteúdo
Além das matérias que são base para o Enem, o cursinho oferece a disciplina Práticas de Cultura e Cidadania, ministrada por Marli. Nela são discutidas questões da realidade social, cultural e política da sociedade.

Como participar
A triagem é feita com o auxílio de uma assistente social que foi aluna do cursinho. Para participar, o aluno tem que ter estudado apenas em escola pública ou ter sido bolsista integral em escola particular, ter preferencialmente o ensino médio completo e renda per capta de até 1 salário mínimo. O processo seletivo ocorre sempre em janeiro. Durante a pandemia a seleção foi on-line.

Quem foi Dércio
Dércio Andrade foi uma personalidade negra passense que lutou muito pela causa. Foi o primeiro negro eleito vereador pelo PT em Passos. Era um educador nato, participava de diversas pastorais na Paróquia da Penha e dava aulas gratuitas de violão para crianças e jovens pobres. Ao decidir pelo nome do cursinho, a equipe fundadora foi unânime em escolher o nome de Dércio Andrade para representá-lo.

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