Conhece alguém da turma do Covidão?
Acha que é só corrupto que prejudica o combate à pandemia? Então veja este time!
Texto: Lívia Ferreira
Imagem: Pixabay
Desde o ano passado, o brasileiro vem assistindo, estarrecido, às denúncias de desvios de dinheiro que deveriam ter sido usados no combate à pandemia – o malfeito foi apelidado de Covidão, em alusão à Covid-19, doença causada pelo coronavírus.
No início do mês de março, a Controladoria Geral da União (CGU) divulgou um balanço das investigações de irregularidades na aplicação de recursos destinados ao enfrentamento da pandemia. A CGU estima um prejuízo potencial de R$ 125,9 milhões pelo desvio de verbas. O prejuízo efetivo, já confirmado pelo órgão, é de R$ 39,1 milhões. Absurdo, não?
Mas existe um outro tipo de Covidão do qual não é preciso ser político nem agente público para participar. Este também mata aos poucos. E é ainda mais difícil de punir por estar capilarizado demais, espraiado por TODOS os municípios brasileiros.
Quando alguém deixa de usar máscara, quando a usa de forma errada, quando aglomera sem necessidade, quando vai a baladas clandestinas, quando interage com outras pessoas sabendo que está contaminado pelo coronavírus e não comunica o fato aos seus interlocutores … esse alguém também participa de um Covidão. E o pior, um Covidão que não pode ser investigado pela CGU e mal é alcançado pelas prefeituras que, em geral, possuem pouquíssimos fiscais para autuar e impedir que a impunidade prevaleça.
Quem desrespeita as regras de segurança sanitária ajuda a propagar o vírus. Mais gente adoece, chefes de família morrem, o sistema de saúde fica ainda mais fragilizado. Prefeitos e governadores mandam fechar comércios, pessoas ficam desempregadas e com o desemprego crescem a miséria e a violência. A cada vez que alguém aglomera em uma festa em plena pandemia, assume o risco de levar para pessoas inocentes e vulneráveis um vírus que já tirou a vida de mais de 345 mil brasileiros. Em outras palavras, colabora para matar alguém – não raro, um ente querido.
Em um país com um sistema público de saúde tão demandado, em que a minoria da população tem condições de pagar planos privados, contribuir para o aumento de casos de Covid é condenar também ao sofrimento pessoas que padecem de outras doenças. Basta lembrar que vários hospitais brasileiros estão remanejando leitos destinados a outras patologias para salvar pacientes infectados pelo coronavírus. Não se morre só de Covid. Morre-se de cardiopatia, câncer, complicações do diabetes, insuficiência renal…
Morre-se ainda em decorrência da corrupção, irresponsabilidade, falta de bom senso, empatia, respeito ao próximo. Morre-se de soberba, por se achar inatingível. Inatingível por um inimigo invisível que paralisou o mundo e segue ceifando vidas, projetos, sonhos e abraços.
E aí, conhece alguém da turma do Covidão?