A vida (re)começa após os 50

Como editora da Verboaria, ontem (09/03) tive a oportunidade de participar de uma comemoração diferente no mês da mulher. Vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Passos (ACIP), a “empresária-diretora de escola-multifacetada-visionária” Creide Ponçansini fez uma parceria com o Sebrae e decidiu reunir mulheres empreendedoras para um café no fim de tarde, na cafeteria Don Francesco – que também é da Creide. Êta mulher porreta, esta!
Pare de olhar para o retrovisor. Ninguém muda o passado. Ele faz parte de 10% da sua vida. Foque no hoje. No agora. O presente tem que ser 60% da sua existência para que você possa traçar 30% do seu futuro.
No cardápio, o prato principal era: degustar a história de vida da mãe, esposa, coach, analista de perfil comportamental e palestrante Andréa Marques Lima – na primeira foto, ela é a de blusa laranja, ao lado da Fabiana Rocha, consultora do Sebrae Passos, e da Creide. Uma história de superação das incertezas. De assumir o protagonismo da própria existência e tomar posse das rédeas da própria história.
Após quase 25 anos como consultora do Sebrae, Andréa se viu diante daquela bifurcação que a vida nos impõe, de vez em quando: aderir ao Plano de Demissão Incentivada do trabalho e recomeçar a vida profissional ou esperar por um provável corte de pessoal que estava na iminência de acontecer. Fosse qual fosse a decisão, não haveria volta.
Entre pular do barco e esperar que ele afundasse, Andréa ficou com a primeira opção. Mas o que fazer após os 50, depois de metade da vida dedicada a uma empresa que estava tão incrustada na sua existência que virou seu sobrenome? Por quase duas décadas e meia ela foi a “Andrea do Sebrae”.
Com bagagem de tantos anos orientando empresários, o caminho ficou mais suave, mas não menos desafiador. André criou o Espaço Mútua, empresa que focada em desafiar o potencial das pessoas usando ferramentas como treinamentos, coaching e gestão estratégica de pessoas (saiba mais clicando aqui).
Mas, parafraseando Carlos Drummond de Andrade, no meio do caminho tinha uma diabetes. Tinha uma diabetes do meio do caminho. Silenciosa, a doença eclodiu de uma hora para outra no seu corpo – talvez potencializada pelo momento de ansiedade. Afinal, se a alma não fala, é o corpo quem grita.
Novas restrições, novo cardápio, e agora era hora de reinventar também a vida pessoal. Avessa aos exercícios tradicionais, mas sabendo que a atividade física é parte indispensável para controlar a doença, a curiosa Andréa acabou encontrando em Uberada, onde mora, uma academia destinada a quem não gosta de malhação.
Entre tantas lições ontem, o que mais me chamou atenção na palestra dela foi: pare de olhar para o retrovisor. Ninguém muda o passado. Ele faz parte de 10% da sua vida. Foque no hoje. No agora. O presente tem que ser 60% da sua existência para que você possa traçar 30% do seu futuro. E você, já parou para pensar nisto? Quanto desperdiça da sua energia com o que já não pode ser mudado? Quanto sofre por aquilo que ainda está por vir – e que talvez nem venha?
Ao final da palestra, cada convidada pode contar um pouquinho da própria biografia: as educadoras que estão se reinventando; a cabeleireira que tem um salão para quem tem preguiça de ir a salões; a empresária que descobriu sua verdadeira vocação fazendo unhas em domicílio; a nutricionista que usa artes cênicas para promover a educação alimentar de crianças; a ex-doméstica que virou dona de fábrica de móveis, a professora que canta em casamentos; as empresárias de moda que estão usando a criatividade para aliar beleza a custos otimizados; a especialista em políticas públicas que ainda causa estranheza nos homens por estar em um cargo tradicionalmente masculino; a bioquímica que passou para as filhas a paixão pela ciência, e por aí vai…
Cada uma com suas dores e suas delícias. Tudo regado a um cafezinho com bolo. E afeto. Muito afeto. Obrigada, Creide, Andréa, Acip, Sebrae. Por mais cafezinhos como este.
Amei o evento. Quero participar de outros.