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Fé em tempos de pandemia

Três religiosos de Passos explicam como se adequaram para continuar levando conforto espiritual às pessoas nesta época de apreensão e incertezas

Texto: Pedro Freitas – Edição: Lívia Ferreira – Imagens: Arquivo pessoal

E quando tudo parecia caminhar para um desfecho favorável… surge a Ômicron, variante muito mais infectante que as versões anteriores do coronavírus. Embora bem menos letal, ela tem se espalhado na mesma velocidade em que semeia dúvidas e insegurança até em quem já tomou a vacina contra a Covid.
Nestes momentos de apreensão, é preciso ir além do que a ciência é capaz de oferecer para buscar aconchego. Buscar conforto onde os tratados e pesquisas não alcançam. Preencher a lacuna que laboratórios não suprem. Há momentos em que só a fé acalenta.
A Verboaria conversou com três representantes de diferentes denominações religiosas. Cada um, a seu modo, se dedica a levar a palavra que cura a alma de seus rebanhos, apesar da distância imposta pelo coronavírus, um inimigo invisível que tem deixado marcas tão aparentes.

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Igreja Matriz
Sandro Henrique Almeida Santos é pároco da igreja Senhor Bom Jesus dos Passos, a Matriz. Desde bem pequeno, já frequentava a igreja com sua mãe – falecida no fim de 2021- e logo descobriu sua vocação sacerdotal. “Minha mãe me vestia de coroinha desde meus quatro anos de idade”, relembra. Na missão de espalhar a palavra de Deus, Padre Sandro tem a tecnologia a serviço da fé: as mídias sociais e as ondas do rádio.
O pároco estima que, antes da pandemia, cerca 1.500 fiéis passavam pela paróquia aos finais de semana – a igreja Matriz comporta 900 pessoas. O distanciamento social imposto pela pandemia impactou sobretudo os idosos, que eram os mais assíduos nas celebrações.

Lives
A igreja Matriz ficou fechada de março a setembro. “O que nos ajudou foram as lives. Hoje a igreja conta com equipamentos que permitem uma boa qualidade nas transmissões”, explicou Padre Sandro.
Por conta da impossibilidade de realizar quermesses para arrecadar fundos, a obra de uma igreja que está sendo construída no bairro Eldorado precisou ser pausada. A Matriz se manteve por meio de dízimos e leilões virtuais. Casamentos e catecismos foram retomados aos poucos.

Casa Espírita Cáritas
Fundada em 1975 com base na doutrina espírita de Alan Kardec, a Casa Espírita Cáritas possui também a Creche Cáritas, que recebe crianças carentes e funciona em parceria com a prefeitura municipal. Os trabalhos religiosos são realizados graças a doações e promoção de rifas de pizzas, enquanto a creche recebe recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Menos fiéis
“Nasci em um lar espírita e minha relação com o espiritismo vem desde que eu era criança”, explicou Sílvia Maria Rodrigues, que atua na condução dos trabalhos da casa espírita. Durante o lockdown, o contato com os frequentadores ocorria em ambiente virtual. Com o retorno das atividades presenciais, o número de fiéis diminuiu: nos domingos pré-pandemia, cerca de 120 pessoas participavam dos encontros. Hoje são cerca de 80 participantes.

Mudança nas celebrações
O distanciamento social impôs mudanças até nas celebrações: os chamados passes energéticos (reenergização da pessoa por meio de uma prece direcionada em um ambiente da Casa Cáritas) mudou para o chamado dialogo fraterno: a prece é realizada em local aberto, obedecendo as normas de segurança contra a Covid-19. “Orientamos a todos nós, seja em bons ou maus momentos de nossas vidas, sermos pessoas mais fraternas e solidárias”, aconselha Sílvia.

Sílvia Rodrigues atua na condução dos trabalhos da Casa Espírita Cáritas

Caminho inverso
Já a igreja Comunidade do Cordeiro cresceu exatamente na pandemia. Nos cultos celebrados antes da quarentena, recebia, no máximo, 20 pessoas por celebração. “Hoje recebemos mais de 180”, contabiliza o pastor Eli Fernandes do Nascimento, responsável pela igreja.
A tecnologia foi fundamental para aproximar os fiéis – houve tempos em que eles só podiam interagir por meio de lives. “Mas sempre tudo muito intenso, apesar de tudo” afirma o pastor, com empolgação.

Doações da comunidade
Para cobrir os déficits, a contribuição dos fiéis e a fé em Deus foram indispensáveis, segundo o pastor. “Foram a união e generosidade das pessoas que mantiveram a igreja de pé. O que faz diferença é o tamanho de Deus em meio à crise”. Para Eli, o período turbulento da pandemia pode servir de aprendizado para que as pessoas entendam e valorizem a vida e o próximo.
A esperança de Eli é que a rotina da igreja volte à normalidade em 2022 – os batismos estão ocorrendo, respeitando todas as regras sanitárias de prevenção contra a infecção pelo coronavírus. “E não percam a fé. Creiam que tudo é possível para aqueles que amam a Deus”, aconselha o pastor.

Pastor Eli Fernandes é o responsável pela igreja Comunidade do Cordeiro

Espiritualidade e saúde
Professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), diretor do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da UFJF e coordenador da Seção de Espiritualidade e Psiquiatria da Associação de Psiquiatria da América Latina, o médico Alexander Moreira-Almeida explica neste vídeo o impacto da espiritualidade na saúde.

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