Saúde

Previna-se contra o câncer de colo de útero

Cerca de 16 mil brasileiras são diagnosticadas com a doença por ano. Saiba como crianças, jovens e adultos podem se vacinar de graça

Texto: Pedro Freitas – Edição: Lívia Ferreira – Imagem: Pexels

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que cerca de 16 mil mulheres brasileiras descobrem o câncer de colo de útero todos os anos. Com exceção do câncer de pele não melanoma, o de útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (perde para o de mama e o colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres pela doença no Brasil. O Janeiro Verde é dedicado à conscientização sobre o câncer de colo de útero. Confira outros dados:

 

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O que é
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos, ou seja, que podem causar câncer). A infecção genital por esse vírus é muito frequente e na maioria das vezes não causa doença. Em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica do exame preventivo. Segundo o Ministério da Saúde, a mulher deve realizar o Papanicolau por dois anos seguidos e, se o resultado não der nenhum tipo de alteração, as próximas coletas deverão ser feitas a cada três anos. Mas o médico pode revisar a recomendação desta periodicidade.

Prevenção
A melhor maneira de prevenir as mulheres contra o câncer de colo de útero é a vacinação correta contra o HPV. A vacina é oferecida de forma gratuita para meninas entre 9 e 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. São oferecidas de duas a três doses pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para adolescentes não virgens, a vacina pode não ser eficaz, já que pode ter ocorrido contato com o HPV.

Mulheres adultas

Mulheres de até 45 anos com imunossupressão, vivendo com HIV/Aids, transplantadas e portadoras de cânceres  podem tomar a vacina contra o HPV. A imunossupressão é reconhecida como um dos principais fatores de risco para infecção pelo HPV e para o desenvolvimento de lesões tumorais e verrugas genitais.

Além disso, foi constatado que mulheres vivendo com HIV/Aids têm cinco vezes mais probabilidade de evoluir para o câncer cervical em relação à população em geral. Essa maior vulnerabilidade também se dá em pacientes transplantados e oncológicos, que apresentam em comum um quadro de baixa imunidade.

Homens adultos

Por isso, o Ministério da Saúde indicou, em 2017, a vacinação contra HPV para mulheres e homens com imunossupressão até 26 anos de idade. Em março de 2021, esta proteção para as mulheres foi ampliada para até 45 anos. Essa vacinação, seguindo a recomendação da OMS, deve ser realizada com a aplicação de três doses em intervalos de dois meses, entre a primeira e segunda, e a terceira dose seis meses após a primeira aplicação. A prescrição médica da vacina HPV será necessária para a aplicação.

A pasta, por meio da coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações e do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, enviou o ofício nº 203/2021 aos estados informando da ampliação.

A ampliação da vacinação não inclui a população masculina, visto que, até o momento, a indicação da bula da vacina HPV no Brasil limita a idade no sexo masculino para 26 anos.

Tipos de vacina
Há três tipos de vacinas encontradas no Brasil. A Cervarix protege apenas contra os tipos 16 e 18, associados à maioria dos casos de câncer de colo de útero. Já a Gardasil visa proteger contra quatro tipos de vírus e pode ajudar a evitar o câncer de colo de útero, pênis ou ânus. Além disso, protege contra verrugas causadas pelo HPV.
Gardasil 9 é a vacina com maior cobertura contra o HPV. Ela é eficaz contra nove vírus causadores da doença e evita o câncer de colo de útero, vagina, vulva, pênis e ânus. No SUS, a vacina oferecida é quadrivalente, ou seja, protege contra quatro tipos de HPV.

Fatores de risco e transmissão
Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros, uso prolongado de pílulas anticoncepcionais e tabagismo estão entre os fatores de risco para o câncer de colo de útero. A transmissão da infecção ocorre por via sexual, presumidamente por meio de abrasões (desgaste por atrito ou fricção) microscópicas na mucosa ou na pele da região anogenital. Consequentemente, o uso de preservativos (camisinha masculina ou feminina) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.

Sinais e sintomas

O câncer de colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.

Detecção precoce
A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor na fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. Ela pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento) pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
Existe uma fase pré-clínica (sem sintomas) do câncer do colo do útero em que a detecção de lesões precursoras (que antecedem o aparecimento da doença) pode ser feita por meio do Papanicolau. Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer cervical são de 100%.

Com informações do INCA e do Ministério da Saúde

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