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Janeiro Roxo: Passos faz campanha de prevenção contra hanseníase

Coordenação está sendo feita pela enfermeira Geórgia Machado (foto). Brasil é o segundo país que mais registra a doença, que é curável e pode ser tratada pelo SUS. Saiba onde ser atendido no município

Texto: Pedro Freitas – Edição: Lívia Ferreira 

A hanseníase, que por muito tempo foi chamada de lepra, já era citada desde os tempos bíblicos, no Evangelho de São Lucas, por meio da parábola do mendigo Lázaro, que sofria com a doença. Estima-se que tenha sido descoberta há cerca de quatro mil anos. E mesmo depois de tanto tempo, portadores da hanseníase ainda sofrem com o preconceito.
Na última década, o País registrou 312 mil novos casos de hanseníase, ficando em segundo lugar do ranking mundial dessa doença milenar, perdendo apenas para a Índia. São cerca de 30 mil novos casos por ano.

Incidência da hanseníase nas regiões do Brasil

Janeiro roxo
Para estimular o combate ao preconceito, o diagnóstico e o tratamento da hanseníase, que é curável, a Prefeitura de Passos promove este mês a campanha janeiro roxo. “O preconceito existe pela falta de conhecimento sobre a doença”, explica a enfermeira Geórgia Celly Cortes dos Santos Machado, responsável pela campanha janeiro roxo no município.

Onde tratar
Passos possui 10 pacientes tratando a doença. O tratamento pode ser realizado em dois locais: no Ambes (Ambulatório Escola da Faculdade de Enfermagem de Passos), localizado na Rua Barão de Passos, número 1785, e no Programa Municipal de Tuberculose e Hanseníase de Passos, na Rua Cônego Aníbale de Francia, número 500.

Capacitação
A Prefeitura de Passos prepara um evento de aprimoramento dos agentes comunitários de saúde (ACS). Em 2021, de maio a novembro, médicos e enfermeiros das Estratégias de Saúde da Família (ESF’s), Presídio Municipal, Consultório na Rua e Lar São Vicente de Paula participaram de uma capacitação sobre a hanseníase.

O que é
A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos. Pode causar lesões neurais e acarretar danos irreversíveis, inclusive exclusão social, caso o diagnóstico seja tardio ou o tratamento inadequado. As lesões neurais podem dar à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e discriminação das pessoas infectadas. As manchas brancas ou vermelhas na pele, falta de sensibilidade, dormência e fraqueza nas mãos e pés são alguns dos sintomas da doença.

Transmissão
A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. A principal forma de eliminação do bacilo pelo doente são as vias aéreas superiores (por meio do espirro ou tosse). Também é necessário um contato próximo e prolongado.

Prevenção
A hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Esse período dura, em média, de dois a sete anos; porém, há referências a períodos inferiores a dois e superiores a dez anos.
O diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com caso novo diagnosticado de hanseníase são as principais formas de prevenção.

Tratamento
O tratamento é feito por meio de medicamentos antibióticos. A poliquimioterapia tem efetividade após cerca de 6 a 12 meses de uso. A cura é completa se o tratamento for realizado de forma correta.

Sexo e escolaridade
Como ocorre na maior parte dos países, há mais incidência da doença entre os homens: eles representam 55% dos casos novos detectados na última década.
Os números do Ministério da Saúde revelam ainda que 54% das notificações da doença na década se referem a analfabetos e pessoas com ensino fundamental incompleto. O site da Sociedade Brasileira de Dermatologia disponibiliza outras estatísticas sobre a hanseníase.

Na idade média, pacientes eram obrigados a usar vestes características e a balançar sinos para alertar a população de que estavam chegando às cidades. (Imagem: Wikimedia Commons)

Você sabia?
Na Idade Média, portadores de hanseníase eram obrigados a viverem isolados em matagais, leprosários ou lazaretos — instituições que segregavam quem tinha a doença. Apenas em 1962 foi derrubada a lei que permitia “capturar leprosos”.
O preconceito e o medo de contrair a doença eram tão grande que, na era medieval, nações europeias obrigavam os doentes a usarem roupas características e balançarem sinos como forma de alertar a população sadia de que estavam chegando às cidades.
A dermatologista Letícia Maria Edit, de Porto Alegre, publicou um artigo em que relembra episódios da hanseníase no Brasil. No documento, cita que “os filhos dos leprosos não podiam ser batizados como as outras crianças pelo risco de poluírem as águas da pia batismal. A criança era afastada de maneira que a água lançada não caísse sobre a pia.” Confira aqui a íntegra do artigo.

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